Rute: Perspectiva

No primeiro texto sobre o livro de Rute, analisamos os 5 primeiros versículos, e traçamos o pano de fundo da história. Acompanhamos o desenrolar da história até a caótica situação de Noemi, agora viúva e sem filhos, totalmente vulnerável em terra estrangeira.

Mas nos próximos versículos uma notícia chega aos ouvidos de Noemi, a casa do pão, tem alimento novamente, a escassez acabou,  o Senhor se lembrara do seu povo, e mais do que depressa parte junto com suas noras para a terra de Judá. No meio do caminho provavelmente ela cai em si, “o que estou fazendo? levando duas jovens moabitas para dentro do povo que odeia moabitas, aqui em Moabe elas tem a chance de casar novamente, mas no meu povo, sendo eu já velha e sem parentes próximos, elas irão levar o fardo da viuvez o resto da vida.” Então Noemi começa a compartilhar sua pessimista perspectiva com suas noras.

-“Minhas filhas, voltem para a casa de suas mães, para o seu povo, e o seu deus, pois a mão do Senhor se voltou contra mim, foi Ele em que me colocou nessa situação miserável, Ele quem permitiu a escassez em Belém, Ele quem tomou meu marido e filhos, não partilhem desta minha amargura.” Da boca da israelita Noemi só saía palavras amargas de uma perspectiva de um Deus cruel. Mas nos próximos versículos vem a primeira surpresa, embora Orfa com um beijo de despedida parte, Rute apresenta uma perspectiva totalmente diferente da de Noemi:

Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;
Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.
Rute 1:15-18

Em outras palavras Rute responde à Noemi, -“não Noemi, não tente com essa sua perspectiva caótica, me fazer regressar ao meu povo, casar-me com um homem moabita e ter que novamente adorar a Quemós. Eu quero o seu povo, o seu Deus, mesmo que para isso fique viúva o resto da vida.”

Prosseguiram assim Noemi e Rute para Belém. Lá chegando, as mulheres começaram a se perguntar se essa era Noemi, essa de pronto responde:

Não me chameis Noemi (Agradável); chamai-me Mara (Amarga) ; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi (Agradável) ? O Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal. Rute 1:20,21

E assim retorna Noemi para Belém, amargurada com a vida, reconhecendo a soberania de Deus em cada momento da sua vida, mas se perguntando como Ele pode infligi-la tragédias atrás de tragédias. Tanta amargura não permitia Noemi enxergar que no meio de tanto caos, Deus estava agindo em seu favor, Ele que acabara com a escassez em Belém, Ele que manteve Rute fiel, Ele que preservara Boaz fiel em um momento descrito como cada um fazendo o que era reto aos seus próprios olhos (Jz 21:25), ah se ela soubesse o que estaria por vir através de sua família.

Que podemos ser sinceros e reconhecer que o erro de Noemi também é o nosso, nos momentos amargos perdemos a visão da boa obra de Deus.

“Não julgue o Senhor com débil entendimento, mas a confie na Sua graça. Atrás de uma providência carrancuda Ele esconde uma face sorridente.” John Piper

Continua…

Emília Lazzaroni

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